17 de Maio, 2011
Nove em cada dez necessitados de cuidados paliativos não têm apoio
"Cerca de 90 por cento dos milhares de pessoas que precisam de cuidados paliativos em Portugal não os tem, o que se deve ao desconhecimento e à excessiva burocratização do sistema, alertou hoje Isabel Neto, especialista nesta área.
Para ajudar a combater esta realidade, decorre a partir de quarta-feira o 12º congresso europeu de cuidados paliativos, o «maior de sempre», que juntará em Lisboa 2.500 profissionais de saúde, afirmou Isabel Neto, presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), co-organizadora do evento.
O debate, no qual participarão quase 200 portugueses, será científico e vão ser apresentados diversos trabalhos de investigação, adiantou a responsável, que afirma a necessidade de combater a «ideia errada» de que prestar cuidados paliativos é fazer caridade.
«Não presta cuidados paliativos quem tem vocação, mas quem tem treino. É uma especialidade médica e de enfermagem para aliviar o sofrimento dos doentes no final da vida, que muitas vezes não são dias, são meses ou até anos. É um trabalho feito com base em ciência e humanismo», explicou.
Esta chamada de atenção tem a ver com o «muito desconhecimento, os muitos mitos e preconceitos» que rodeiam os cuidados paliativos.
Por isso, os principais objectivos do congresso são chamar a atenção para a necessidade de especialização em cuidados paliativos, por um lado, e informar mais as pessoas para que possam pedir ajuda, por outro.
«Se não têm informação, se não souberem que existe, nunca poderão pedir cuidados paliativos» e Portugal tem «dezenas de milhares de pessoas que estão a viver estas situações».
(...)
«Só em Lisboa, perto duas mil pessoas morrem antes de terem acesso aos cuidados paliativos, porque quando são chamadas para a rede já faleceram. São cerca de 50 por cento os que morrem antes de serem chamados».
O congresso irá insistir na necessidade de investimento na formação, de investimento político real e de alteração de funcionamento do actual sistema. Paralelamente pretende informar a sociedade civil e também os profissionais de saúde."
Lusa/SOL
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